Janeiro jamais será, apenas janeiro

21:04 Renata Kawane 0 Comments

                                     [Você pode ler este texto ao som de Samo - En Cambio No]

Peguei o celular pra te ligar, andei a casa toda com ele na mão mas incrivelmente, parece que discar os números que me conectam a você é mais difícil do que atravessar a cidade nessa chuva forte. Queria te contar do meu sonho bom essa noite. Foi com você e tão real. Real do jeito que as coisas tem que ser, como você é, e porque me parecia ser muito real. Você estava aqui. 
Você sorria daquele jeito tão bonito que me faz esquecer que às vezes a vida é tão dura com a gente, andava pela casa com a cara fechada cheio de silêncio que me faz ver a realidade, desconstruindo meus paradigmas de romances perfeitos.  Falava tão "despacio" me fazendo ver que quando há carinho, sempre haverá calma e tranquilidade. Me fazia feliz por ser real. Mas nesta noite, foi apenas um sonho. É janeiro, e a saudade me abraçou. 

Janeiro jamais será, apenas janeiro. Será risos, será olhares, será felicidade, será liberdade, será força, será fé, será Amor. Será saudade. Muita saudade. 
Eu queria te ligar pra contar do sonho, pra dizer a sensação boa que foi acordar depois de tanto tempo de um sonho que parecia ser tão real, mas o desconcerto foi grande ao ver que era apenas uma manhã de janeiro chuvosa. Deu nos jornais hoje que antes dessa chuva tão forte, só teve uma similar em 2012, ano tal que foi ótimo pra mim. Coincidência? Espero que não.

Sabe eu sentei no chão, pensando em tudo isso e olhando no celular, repassando cada detalhe, cada palavra, cada pedaço meu que sempre vai desencaixar em janeiro, enquanto não surgir um novo janeiro ou outro mês pra encaixar tudo isso, e não saber isso me agonia mais que aeroporto fechado com voo marcado. Por sinal, hoje o aeroporto fechou aqui.

É que no final, a vida às vezes é tão difícil, tão pesada como um dia chuvoso como esse, que saber que será apenas um dia de chuva, sem voos atrasados e acasos felizes, faz a tormenta passar de fora para dentro. 
Não te ligo. Ao invés disso, tomo um banho quente e abro um vinho daí, na esperança de quando fevereiro chegar, ter aquele mesmo gosto que transcende a paz. Pra ter aquela mesma frase de Caio outra vez, que diz que certas coisas são tão evidentes, apesar de inexplicáveis, que a gente não pode deixar de acreditar.

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