Linhas Cruzadas

20:18 Renata Kawane 0 Comments

Eu cruzo pela sua vida, você pela minha. Mas não nos vemos.

Não mandamos recados para os ares, como suspiros de quem
joga ao vento desejos de regresso.

Quanto mais andamos, mais nos trombamos. Coincidência ou Destino?
Muito passado pra pouco presente. Muito ontem pra pouco hoje.
Deus anda tentando escrever certo, mas nossas linhas de tão tortas, só sabem se cruzar.

Você está bem onde está, eu estou bem onde estou, mas é inevitável não olhar para trás.
E tenho medo de tantos acasos, nos encontrarmos. Canto bem alto, pra espantar qualquer possibilidade
 de esbarrar em você por ai.

Cada vez mais percebo que minha tentativa de ser indiferente e não fazer nada, já é fazer tudo.
Se nos esbarrarmos? O que fazer?
Trocamos os restos das coisas que ficou? Uma palavra guardada, um olhar perdido, um algo engasgado. Quase nada. Mas um quase nada, já não é um quase tudo?

Não quero ouvir ninguém, não quero saber nem lembrar de nada.
Porque me sinto culpada pelas meias coisas quase inteiras que ficou. Que de tão meias, quase não restou.
E o que fazer? Sinto que ao dizer aquele adeus, ao tentar fazer tudo certo, fiz tudo mais errado, e só larguei pedaços de vidros pelo teu chão.

E se te encontrar? Faço o que? Mando minhas lembranças cumprimentarem a suas?

Mas se for pra nos (re)vermos que nos encontremos num pôr-do-sol.

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